Gosto de dias nublados e chuvosos. Acontece que, se o tempo permanecer assim por mais de dois dias, fico um tanto deprimida. Nos países nórdicos, aonde o sol no inverno aparece pouquíssimo existe uma depressão relacionada à falta de sol e cujo tratamento consiste em banhos de luz. Concluo que o que me entristece é a falta de sol por muito tempo. Aliás acho que o nosso relógio biológico está muito ligado ao sol. Sinto-me extremamente bem em lugares aonde não há luz elétrica. Costuma-se jantar bem cedo e sem televisão, vídeo, computador e luz para leitura o sono chega mais rápido. E pela manhã acorda-se com uma disposição impressionante. Aproveita-se o sol ao máximo. Acontece que para entrar nesse rítimo levo pelo menos uns quatro dias. É o tempo para parar com essa sensação de que deixei de fazer alguma coisa, de estou sempre devendo alguma tarefa a mim mesma. Parar de passar os dias como se eles fossem uma corrida de obstáculos sem reta de chegada. O apagão não me amedronta, o que ele desperta é revolta pela falta de competência e pelo desastre social que o racionamento acarreta. Mas para ser sincera não vou ficar paranóica comprando luz fluorescente a peso de ouro e verificando o relógio de luz todos os dias. E se eu deixar de fazer alguma das tarefas que eu esperava realizar, como sempre acontece, a culpa vai ser da falta de luz.
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