sábado, agosto 18, 2001

Uma coisa que eu preciso postar é sobre o jornaleiro aqui perto de casa. Eu aos fins de semana sempre desço e converso algum tempo com ele. É um sujeito de uns 60 anos, magrinho, rosto esquisisto, parece um dos presonagens da escolinha do professor Raimundo. Em geral eu compro um jornal, reclamo do preço das revistas mas sempre levo alguma. Mais umas outras eu "filo". Enquanto isso observo as pessoas que chegam para comprar . Existem aquelas que chegam para compar o jornal Extra e o Dia, em geral são velhinhos. Pessoas maduras que apressadamente compram O Globo, o JB sai pouco. A maioria dos compradores no entanto é mesmo de gente "dura". O jornaleiro é um barato. Um dia precisava pegar um taxi e perguntei se ele trocava uma nota de 50 reais. Ele disse que não podia e me ofereceu vinte reais- depois você me devolve- ele disse. Eu fiquei meio aturdida pois não estou habitudada a esse tipo de atitude na cidade do calote. Ele não entendeu a minha perplexidade: catou umas moedas num pote que era uma garrafa plástica cortada ao meio e acrescentou: se quiser esperar mais um pouquinho entra mais dinheiro mas com essas moedas aqui... já dá pro taxi? Tem um bêbado que vivia pela rua que ele "empregou" na banca. O bêbado" ( que agora já não se embriaga mais como antes) carrega os jornais que chegam ainda de madrugada, compra mais tarde para o jornaleiro um pingado com pão na chapa numa padaria que é bem longe e vem trazendo pela rua o café da manhã do jornaleiro, no copo de vidro e tudo. O "auxiliar" colocou uma cadeira de praia perto da banca e um banquinho. Vez por outra levanta-se pois os velhos sempre querem um lugarzinho para descansar. O jornaleiro guarda dentro da banca bolsas de compras de pessoas que carregadas voltam da feira e do mercado sem gás para levar tudo até em casa. Guarda bolsa de umas senhoras pobres que vem buscar donativos numa associação de caridade aqui perto, em cima da banca guarda o caixotinho que o guardador de carros da rua usa para descansar. A banca tem um movimento danado mas pouca gente compra. E ele está sempre lendo alguma coisa, não enxerga muito bem e fica com as revistas quase em cima do nariz, concentrado , vai pegando os jornais e dando o troco sem nem olhar direito para as pessoas. Hoje ele arrumou um radinho que tocava música brega enquanto ele se deliciava com um de suas revistas. Reclamei da revista que eu tinha levado semana passada, havia muito anúncio e pouco assunto. Ele levantou um pouco os olhos da revista e disse: trás aí que a gente troca.