sábado, junho 30, 2001

Encontrei uma foto da minha coleção de felinos (recolhidas na net) que traduz o meu estado de espírito hoje:
Todos os dias de madrugada a Comlurb passa recolhendo o lixo. Como moro em uma rua estreita e residencial, o caminhão impede temporariamente a passagem dos carros. Os garis saem desorientados correndo como loucos em plena madrugada para que o caminhão se desloque mais rapidamente. No entanto, invariavelmente os motoristas da fila de carros que se forma atrás impacientemente buzinam sem dó dos pobres garis ou das pessoas que estão em suas casas dormindo. Fico triste com a situação pois eu estou em minha casa, quentinha, muitas vezes estudando ou me divertindo no computador, vendo filme e eles correndo feito umas almas penadas. Será que os motoristas não pensam nisto? Será que estas pessoas são tão insensíveis que não podem esperar um pouquinho para que os coitados possam trabalhar? Indo e vindo das noitadas da vida não existe em seus corações um mínimo de respeito. A minha vontade sincera era pegar um porrete e quebrar os carros todos, uma ensandecida da madrugada, uma doida varrida. Sei o que é trabalhar à noite, chegar em casa pela manhã com o corpo todo doído, estar fora de casa durante a madrugada, pegar chuva, vento. Pobres garis, a eles a minha solidariedade. E a propósito, alguém sabe aonde vende um porrete?
Custei muito a encontrar informações sobre como "assinar a carteira"de minha empregada. Uma luta. Finalmente descobri um site que realmente ajudoua resolver o problema.

quinta-feira, junho 28, 2001

Encontrei no JB uma interessante matéria sobre como fazer capas de CDs, bastante simples e rápida como os tempos modernos exigem internet - Faça você também a capa dos seus CDs - 14/06/2001

quarta-feira, junho 27, 2001

Quando lembro do que é a floresta amazônica e o risco que ela core, lágrimas escorrem dos olhos. Meu coração está em meio à floresta. Indubitavelmente o lugar mais lindo de toda a terra. Cada centímetro da floresta é vivo. A floresta pulsa. Caso não tivesse tantas raízes no Rio de Janeiro, eu me mudaria lá. Tentaria ajudar de alguma maneira, talvez possa estar ajudando ao publicar este post. Minha singela contribuição. Com muitas, muitas, muitas saudades.

terça-feira, junho 26, 2001

Muita gente não gostou do que julgo ser o grande erro de FHC, as privatizações. Brasil - Papelão, a cama - 26/06/2001
Encontrei a seguinte reportagem hoje no JB. Vale a pena dar uma lida: Ebrasil - Brasil tem 53 milhões que vivem na linha da pobreza - 26/06/2001 Brasil tem 53 milhões que vivem na linha da pobreza Ipea mostra que 3,1 milhões de pessoas se tornaram pobres no 1° governo FH

segunda-feira, junho 25, 2001

FHC anunciou hoje um programa de "bolsa-escola" para famílias com renda per capita de meio salário mínimo. Disse que vai espalhar máquinas para distribuir dinheiro para quem mantiver os filhos na escola. Considera seu ato uma resposta aos que o acusam de má distribuição de renda no país. Distribuir a renda não é dar esmolas. Nenhum desses programas de caráter assistencialista deu certo a longo prazo. Eu pergunto: estudar e depois se empregar aonde? O mal do pobre é ser grato e inocente. Com essa esmola dá para consumir pelo menos um mínimo necessário para impedir o recrutamento pelos sem terra da vida: a fome não pode chegar à cabeça.

sexta-feira, junho 22, 2001

Sempre que eu planejo alguma coisa e não consigo fazer, sinto como se a realidade houvesse me atropelado. É uma sensação de perda horrível. Acho que foi por isso que não publiquei nenhum dos três romances que escrevi até hoje. Ou não?
O que eu gostaria de ter visto:

quinta-feira, junho 21, 2001

Estou lendo novamente " Os Irmãos Karamázovi" de Dostoiévski. Acredito que um livro bom deve ser lido duas vezes. Consigo observar várias coisas que antes não havia percebido. Dostoiévski penetra profundamente na alma humana e descreve psicopatas com tanta realidade que impressiona. Nada de gente comendo fígado, nada de Silêncio dos Inocentes, ele descreve a coisa cotidiana e real. Resolvi fazer um glossário no final do livro uma vez que os nomes dos personagens são todos em Russo e o autor ora chama os personagens pelo nome, ora pelo sobrenome , ora pelo apelido. Exemplo: Dimítri Fiodoroviich é Mítia. Alguns nomes são complicados de gravar como Piotr Alieksándrovitch Miúsov, os nomes Russos confundem um pouco e em determinados momentos eu consulto meu glossário para saber quem é quem. A trabalheira compensa pois leio bem devagar, degustando. Quem diz que Shakspere foi o escritor que penetrou mais profundamente na alma humana, nunca leu Dostoiévski. Dá para ficar na dúvida.

quarta-feira, junho 20, 2001

Gosto de dias nublados e chuvosos. Acontece que, se o tempo permanecer assim por mais de dois dias, fico um tanto deprimida. Nos países nórdicos, aonde o sol no inverno aparece pouquíssimo existe uma depressão relacionada à falta de sol e cujo tratamento consiste em banhos de luz. Concluo que o que me entristece é a falta de sol por muito tempo. Aliás acho que o nosso relógio biológico está muito ligado ao sol. Sinto-me extremamente bem em lugares aonde não há luz elétrica. Costuma-se jantar bem cedo e sem televisão, vídeo, computador e luz para leitura o sono chega mais rápido. E pela manhã acorda-se com uma disposição impressionante. Aproveita-se o sol ao máximo. Acontece que para entrar nesse rítimo levo pelo menos uns quatro dias. É o tempo para parar com essa sensação de que deixei de fazer alguma coisa, de estou sempre devendo alguma tarefa a mim mesma. Parar de passar os dias como se eles fossem uma corrida de obstáculos sem reta de chegada. O apagão não me amedronta, o que ele desperta é revolta pela falta de competência e pelo desastre social que o racionamento acarreta. Mas para ser sincera não vou ficar paranóica comprando luz fluorescente a peso de ouro e verificando o relógio de luz todos os dias. E se eu deixar de fazer alguma das tarefas que eu esperava realizar, como sempre acontece, a culpa vai ser da falta de luz.

terça-feira, junho 19, 2001

De qualquer maneira a hora não é para rachar. A democracia, conquistada a duras penas corre sério risco e ela deve estar acima de tudo. A ditadura não pode ressucitar, e isso é o mais importante. Precisamos de ação e competência, não de discursos que se aproveitam do momento para estender o tapete até o poder para pessoas que não valem nada. Ser só do contra é bonito mas não ajuda. O velho Sartre já dizia que o homem não é o que pensa sobre si próprio, nem o que os outros pensam dele, o homem é o que faz. FHC já fez o que fez. Sabemos o que é. Mas quem colocar no lugar dele? Ainda não encontrei ninguém. E isso deixa-me muito triste. O imposto de renda come à minha mesa durante seis meses, consumindo com voracidade, em seis prestações, uma boa parte do que eu consegui ganhar com esforço. Brasileiros passam fome injustamente enquanto estrangeiros consomem o que eu ganhei em restaurantes pedindo o prato " juros de dívida externa". Engordam às minhas custas. Um salzinho com cianureto... seria o tempero ideal.
Não sei porque a rede Globo achou de veicular um especial sobre a fome no JN. Com certeza não é com fins humanitários pois este não é seu estilo. A não ser que por trás disso exista uma palavra chamada lucro. Acredito que a finalidade seja política, desviar a atenção da crise de energia? Da alta do dólar? Despertar a solidariedade do brasileiro, o espírito de equipe? Afinal o que é ficar sem luz quando tantas pessoas vivem sem ter o que comer? Não sei, às vezes eu custo a dar o clique. Mas que tem coisa, tem.
Falando deIntervales, SP, entrei na rede para buscar o link e publicá-lo. Senti uma imensa saudade. A mata atlântica é algo tão delicado, sutil que me emociona. Uma vez passei uns dias visitando o deserto do Atacama no Chile ( isso eu conto depois), adorei . Mas no final da viagem eu estava entediada de ver tudo seco. Senti saudades da mata atlântica, da Serra dos Órgãos, da chuva fina caindo, das nuvens caminhando por entre as árvores. Quando retornei do Chile, tão logo foi possível eu dei uma escapada para sentir novamente a mata atlântica . Definitivamente, com todo respeito aos nossos vizinhos, nasci no país certo.Só gostaria que nós o respeitássemos mais, em todos os sentidos.Com certeza ele merece.

segunda-feira, junho 18, 2001

A primeira vez que entrei em uma caverna foi num parque Estadual em SP chamado Intervales. São cavernas pequenas, com guias locais carinhosamente chamados de "monitores". Foi a primeira vez que vi uma dolina. Encontrei então um significante para alguma coisa que a muito tempo eu quis dizer, um buraco no meio da caverna, por onde entra a luz, acho que é isso que todos nós precisamos e buscamos, uma dolina.

sábado, junho 16, 2001

Visitando o jardim Botânico, pensei como o RJ era bonito em outras épocas. Água limpa correndo da fonte, chão de terra batida, árvores, pássaros, sensação de prazer e bem-estar, nada de cibernético, nada de preocupação com assalto, tráfico, bala perdida. Espantou-me o preço do ingresso R$ 4,00 por pessoa! Imaginei uma família com 2 filhos saíndo do subúrbio e pegando 1 ônibus para ir e outro para voltar ( a maioria dos lugares do RJ pega-se 2 ônibus para chegar ao Jardim Botânico).Calculando... R$ 32,00! Este valor inviabiliza o passeio para muita gente.Pessoas que como eu gostariam de escapar do corre-corre da semana, de apreciar e pensar um pouco em outras coisas , viver, e não somente sobreviver.

quarta-feira, junho 13, 2001

A luz quebra a alienação da escuridão e deixa que vejamos mais além.